sexta-feira, 22 de março de 2013

O século XVII

Posted by Hijikata Toshizou on 17:02 with No comments


O século XVII foi o século dos grandes racionalistas e dos grandes empiristas. A razão se firmou como autônoma da fé – o que não significa que se tornou atéia – e o experimentalismo também buscou seu caminho, firmando a Ciência como promessa de domínio do mundo e de prosperidade material. Como intermediária entre a razão e o empirismo, estava a Matemática, vista como uma articulação natural e necessária para desvendar o mundo, seja no plano das idéias lógicas, seja na ordenação da experiência e da observação. Dois nomes simbolizam bem essas tendências do século XVII: Francis Bacon e René Descartes.
Empirismo: Atitude filosófica que considera que o conhecimento só pode ser alcançado pela observação dos fenômenos objetivos e pela experiência concreta. É a fundamentação filosófica do método científico-experimental.
Bacon, no final do século XVI e início do XVII, deu grande impulso as pesquisas científicas e realizou críticas ao modelo da lógica aristotélica que, em sua opinião, escravizara durante muito tempo a Filosofia e a Ciência. Assim, ele é considerado um dos filósofos que iniciaram a modernidade. Sua contribuição foi a introdução do empirismo, no qual todas as proposições, para serem verdadeiras, devem passar pela verificação e avaliação da experiência e da pesquisa. Com isso, pretendia superar a filosofia aristotélica. O conhecimento científico, na sua concepção, deve estar a serviço do ser humano e permitir a ele que domine a natureza, imperando sobre as coisas. Mas, para que a Ciência impere, os indivíduos devem deixar de lado os preconceitos, chamados de ídolos pelo filósofo, que impedem o avanço da razão.
Bacon descreveu uma utopia tecnocrata na obra Nova Atlântida, em que coloca um mundo dominado pela técnica, onde a Ciência traz todas as soluções a humanidade e os próprios governantes são cientistas. Essa visão de Bacon teve influência em concepções cientificistas do século XIX e XX, que adotaram a idéia da Ciência a serviço da felicidade humana e a rejeição de outras áreas do conhecimento.
No mesmo rumo de Bacon, John Locke, médico e filósofo inglês, deu continuidade a essa tradição empirista inglesa (que vinha desde a Idade Média, com Roger Bacon e Guilherme Ockham). Locke se interessou em determinar como se dá o conhecimento humano: segundo ele, pelos sentidos, mas organizados pela razão.
Descartes, por sua vez, elegeu a razão como fonte soberana de conhecimento humano. Procurou construir um sistema filosófico capaz de superar a filosofia escolástica, partindo em primeiro lugar de uma profunda desconfiança por tudo aquilo que tinha aprendido na escola jesuítica em que estudou. Para ele, a filosofia escolástica não merecia confiança, pois se contradizia em suas opiniões e especulações. Adotou, portanto, a dúvida sistemática como princípio de seu método de busca da verdade. Descartes não atentou, entretanto, para o mundo dos fenômenos externos, mas para a sua própria interioridade. Foi aí que descobriu uma razão pensante, espiritual e a própria presença de um Deus racional. Depois dessa certeza de sua subjetividade, passou a olhar o mundo externo para interpretá-lo dentro de uma ordem matemática.
Seguindo os passos de Descartes, destacaram-se mais dois filósofos: Espinosa e Leibniz, que criaram grandes sistemas racionalistas metafísicos. Espinosa identificou Deus e a natureza em uma perfeita ordem universal, na qual a vontade humana se encontra determinada, porque é animada pela centelha divina, que está em toda parte. Apesar de seu racionalismo, Espinosa atribuiu grande valor as emoções, identificando-as inclusive como fonte de ação moral.
Leibniz, um brilhante matemático que, segundo se supõe, descobriu o cálculo infinitesimal, também via no cosmo uma ordem universal e matemática, uma unidade divina. Entretanto, para ele, essa unidade se multiplica em infinitas mônadas, que são particularizações da divindade.
Essa razão moderna, porém, tão confiante em si mesma, foi ao mesmo tempo exaltada e criticada no século XVIII, durante o Iluminismo.
Iluminismo: Tendência filosófica nascida no século XVIII, com um ideário de emancipação humana, valorização da razão, espírito crítico em relação às tradições, proposta de laicização da sociedade e idéias liberais na política e na economia.

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